13 novembro 2005

outsiders




Sempre gostei de histórias de outsiders. São heróis incompreendidos mas que curiosamente a maioria venera. Por exemplo, o jovem aqui do lado, Serpico. Atacado pelas chefias, pelos colegas que procuravam melhores rendimentos praticando crimes, pelos criminosos e ignorado pela população que não fazia a mínima ideia que existia. Resultado: baleado quase até á morte. Mas o filme e a série foram enormes sucessos.
Columbo. Um ser baixo, mal vestido, mal falante, incompreendido pelas chefias que nunca o terão promovido (tenente) mas que sempre de forma brilhante descobria o crime e o criminoso. Resultado: uma série de culto com direito a imagem desenhada do protagonista na revista Time.
Como outsider era o The Insider. Um único homem colocou em crise a indústria tabaqueira de Philip Morris. Despedido, dando aulas a um preço muitas vezes inferior ao seu valor científico, divorciou-se. Resultado: entrevista histórica no 60 minutes e um filme de grande sucesso, pelo menos na crítica.
Michael Moore. Procura fazer as perguntas mais incómodas mas básicas possíveis a poderosos ou ilustres conhecidos, quase sempre apenas com um ou dois operadores de câmara. Resultado: documentários poderosos que abalaram muitas consciências.
A que se devem tais sucessos? Além de serem filmes ou séries bem feitas, existe sempre dentro de nós um sentimento de gostar de ver o pequeno vencer o grande, do aparentemente fraco destronar o supostamente invencível. São vários os casos, estrangeiros, de vitórias de cidadãos contra poderosas multinacionais (nos Estados Unidos há muitos casos que até deram filmes). Gostamos sempre de ver um negro provar a sua inocência contra um tribunal branco e racista. Não é só o sentimento de justiça pois este, para as pessoas, pode ter noções diferentes. E tem muitas vezes: basta que se tenha a pele de Autor ou Réu. A parcialidade sobreleva-se à justiça em cada um. É antes a vontade de pelo menos alguma vez o forte perder.
E na nossa justiça e em Portugal? Gostava que houvesse alguém que pudesse agitar qualificadamente o powers that be. E não evitando alvos incómodos ou menos fáceis mas procurando acertar com a flecha no alvo (a minha natureza de moicano assim o obriga). Ora, confesso que não tenho capacidade para encontrar essa pessoa. E agora vou desabafar e depois estou na minha tenda á espera de alguém para fumar o cachimbo. Quer nos meus posts quer nos meus comentários em outros blogues tenho, ao que penso, manifestado uma opinião contra a corrente nomeadamente não dando toda a razão aos juízes. Resultado: há blogues que ostensivamente não incluem nos seus links o primeiro moicano mas que até já me citaram mas não gostam do moicano. Há outros que nem me citam nem me incluem mas procuram sempre criticar-me. E há ainda aqueles que me ignoram pura e simplesmente. Há no entanto Magnólia, uma gata e alguns outros que são boas pessoas e me vão aceitando com estes meus defeitos. Mas pergunto: o mundo dos blogues de juízes não estará a começar a esgotar-se e a copiar-se? Quase todos se citam uns aos outros. Chega a suceder que os próprios autores do blogue comentam, favoravelmente, claro, o que o outro companheiro bloguista escreveu. Será este o caminho? Penso que não. Que resultados práticos tem havido? Suponhamos o máximo possível até ao momento: Verbo Jurídico conseguiu que O Independente publicasse a história de Macau do ministro da justiça. So what? O homem continua na sua senda e inabalável, pelo menos através do seu secretário de estado como o Verbo Jurídico relata no blogue. No fundo, anda tudo a dizer o mesmo vezes e vezes e vezes sem conta numa táctica do tanto bate até que fura.
Mas e os outsiders? É que os hits ou visitas dos blogues inside são altos. Não há? E como poderiam ser? Não sei. Talvez um tipo teoria da conspiração. Por exemplo: não façam greve agora que talvez um próximo governo seja melhor. Resultado: convite para alto cargo político. Ou: banca em investigação. Resultado: taxas de juros em Portugal vão subir. Banca recebe sempre tratamento mais favorável. Resultado: auxílio no controlo da despesa pública pelo B. C. P.. Militares descontentes: catadupa de promoções. Media a favor do governo? Orçamento para a R. T. P. é astronómico além de estarem luxuosamente instalados. Ou então uma táctica de guerrilha: há juízes que acham que mentir em processo civil não é crime (Dr. Marinho, Expresso 12/11/05)? Mas há advogados que pedem condenação em multa e indemnização por litigância de má-fé logo na petição inicial.
Não sei. Mas escrever sobre impressoras, salas pequenas, já não chega. Em tempos duros, há que ser duro, inflexível na aplicação da lei, sem concessões, procurando que a imprensa comece a virar costas ao Governo, o que mais tarde ou mais cedo vai acontecer pois não há governos democráticos eternos. Os dirigentes sindicais têm que saber fazê-lo. Aos poucos, atacarem as fragilidades de conhecimento do Ministro (Dr. Cluny procurou fazê-lo em relação aos crimes de homicídio sem investigação) e dos seus comparsas, juiz administrativo incluído. Mas tem de ser mais alto. E sem medo. De frente. Educadamente. E os juízes são capazes de o fazer: vejam as críticas de Pedro e Anita a um meu post. Arrasadoras.
Em próximo post: alegria.

1 Comments:

Blogger Sónia Sousa Pereira said...

Gaita!.. pancadaria geral!

Belle volta!

Gosto sempre de o ler... se é que isso interessa, tanto faz.

(A gata é gente e chama-se Sónia)

novembro 12, 2005 8:07 da tarde  

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